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George Magaraia

É fotógrafo, graduado em Comunicação Social na UFRJ e História da Arte na UERJ. Graduando na Universidade Indígena Aldeia Marakanã e em Licenciatura em Artes Visuais na UERJ. Atuante em fotografias de imprensa e eventos corporativos, desenvolve duas linhas de pesquisa de projetos fotográficos autorais: Espectros e Povos Tradicionais.

Atendendo ao chamado do Urutau
01 de agosto 2021

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Tive muitos professores na vida, alguns considero mestres. Urutau para mim é um grande mestre. Gaiato, no melhor sentido que esta palavra pode ter, luta pela Universidade Indígena Aldeia Marakanã mesmo antes dela existir. Poucos sabem disto mas, desde 2004, Urutau luta por aquele pedaço de terra sagrado atendendo ao chamado de seu antepassado Caiuré Imana. Existem mesmo reportagens com algo do tipo "índios que tentam ocupar prédios públicos na cidade do Rio de Janeiro" desde este ano. Em 2006 articulou o que se chamou o Primeiro Encontro Tamoio dos Povos Originários na Uerj e de lá marchou para ocupar definitivamente o território numa tentativa que finalmente deu certo, vingou, mas que faz esquecer as outras. Poucos sabem também, e não é coincidência, que este encontro ocorreu no dia do seu aniversário, porque assim ele conseguiu juntar mais parentes. Tenho muito respeito por toda esta história, e por sua liderança, que nem todos conhecem ou reconhecem. Enfim, a verdade que não pode ser negada é que a Aldeia Marakanã provavelmente não existiria sem o Urutau. E ele sempre lutou e luta muito por aquele espaço, de onde só saiu algemado, e não foram poucas vezes. Território Sagrado não se negocia diz ele. Ao longo destes 10 anos que frequento a Universidade Indígena foram muitas lições e muitos aprendizados. Em uma conversa despretensiosa com Urutau no fim do ano passado ele, com Pirazuma em seu colo_ outra gaiata_ me disse que gostaria de colocar uma bandeira Wiphala grande no alto do prédio. Olhei nos olhos dele vislumbrando este desejo e ele me pareceu assim mais como uma criança, assim como a Pirá. Me mobilizei junto com a minha companheira de vida Julia e conseguimos realizar este pedido. Eu fui cortando e ela foi costurando. Mas o que eu queria mesmo dizer é que tudo que fizermos será pouco pelo tanto de ensinamentos que ele nos transborda. Por toda sua luta, por toda sua história de vida. Tenho a honra de viver no mesmo tempo do Urutau e agradeço muito pelo seu acolhimento. Tudo que possa fazer será quase nada perto da luta deste homem. Muito obrigado mestre Urutau. Aldeia Rexiste!

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